quarta-feira, 17 de novembro de 2010

PROPAGANDA MON BIJOU - A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO MUNDO CAPITALISTA

A propaganda do amaciante Mon Bijou está disponível no site do Youtube, material este, divulgado pela mídia brasileira na década de 90, narrada pelo ator Carlos Alberto Bonetti Moreno, que atua nos comerciais da Bombril, desde 1978.
Esta propaganda gerou polêmica na época que foi divulgada na mídia, inclusive foi censurada pelo CONAR (Conselho Nacional de Autoregulamentação Publicitária), cuja função é impedir que a publicidade enganosa ou abusiva cause constrangimento ao consumidor ou a empresas.
Na propaganda, pode-se identificar que as formas simbólicas podem ser entendidas como portadoras de ideologia. Para entender a ideologia que estão por trás delas, deve-se desconstruir a mensagem e questioná-las, pois estamos correndo risco de sermos manipulados. As relações ideológicas da mídia, surgem quando as informações que nelas são divulgadas (neste caso a propaganda), contribuem para estabelecer relações de dominação ou exclusão de um determinado grupo.
Logo no inicio o ator afirma para os telespectadores que o produto é um sucesso, e a população alienada passa a querer adquirir o produto, alimentando o mercado capitalista, apenas pela afirmação da mídia de que o produto é um sucesso. E na própria sociedade é comum ouvirmos comentários do tipo: “Todo mundo já está experimentando, então deve ser bom mesmo”.
Chauí (2004) explica que o trabalhador e os demais membros da sociedade capitalista não percebem que a mercadoria, por ser produto do trabalho, exprime relações sociais determinadas. Percebem a mercadoria como uma coisa dotada de valor de uso e de valor de troca. Ela é percebida e consumida como uma simples coisa. Assim, em lugar da mercadoria aparecer como resultado de relações sociais enquanto relações de produção, ela aparece como um bem que se compra e se consome.
O sistema capitalista através da mídia e de outros recursos procura transformar “o diferente” (minoria) em “o igual” (maioria). Quanto mais pessoa agirem de forma massificada, mais se pode vender o que está na moda, formando uma sociedade de consumo. A mercadoria passa a ter vida própria indo da fábrica à loja, da loja a casa, como se caminhasse sobre seus próprios pés. No modo de produção capitalista os homens realmente são transformados em coisas e as coisas são realmente transformadas em “gente”.
A propaganda induz o telespectador que “Fazer sucesso tendo um concorrente como Confort (marca líder), não é fácil”, mostrando mais uma forma ideológica da propaganda e alienação do telespectador, pois o ator utiliza o Confort (mercadoria que já se transformou em “gente”), para quantificar a qualidade do Mon Bijou.
O ator chega a compará-los, quando diz: “Ta certo que Mon Bijou tem dois perfumes e o outro tem um só, mas isso nem conta tanto. Ta certo que Mon Bijou é da Bombril, tem eu na propaganda modéstia a parte, mas o mérito é dele [...]”. Transmitindo ao telespectador mais um diferencial da marca concorrente e também deixa claro que é do fabricante Bombril (marca já renomada no mercado), como se isso não fosse importante para despertar o interesse no telespectador. Ele enfatiza que o mérito é TODO do produto, afirmando “[...] ele é bom mesmo”.
Após escancarar as supostas vantagens em adquirir o produto, faz um breve diálogo com as marcas, como se fossem seres sociais:
“Parabéns Mon Bijou, você é ótimo!
Confort, você também é bom, não precisa ficar chateado!”
Vale salientar, que um dos aspectos que antes ele não havia citado como tão importante, deixando o mérito apenas a qualidade do produto novo, ao final ele volta a citar o fabricante Bombril, dizendo: “Mon Bijou é bom, é da Bombril!”.
A propaganda é carregada de armas para convencer os telespectadores que o produto Mon Bijou é o melhor do mercado.
Após ser censurada, a propaganda vai ao ar novamente com a mesma mensagem, porém não carrega consigo a imagem da concorrente diretamente, apenas é colocado um saco plástico no produto do concorrente, e não cita o nome da empresa Confort em questão, porém a mensagem é a mesma, exceto nos momentos finais da  propaganda onde o ator faz uma crítica a censura, dizendo: “Você também é bom, não fica chateado, só porque andou reclamando não vai aparecer mais na televisão”. Expondo mais um ponto ideológico, como se a televisão fosse formada apenas para a classe dominante, de forma que “quem” aparecer na televisão deve ser grato.
Existem vários grupos fazendo propagandas ideológicas diferentes. Os meios de comunicação não possuem apenas interesses comerciais, mas também ideológicos. A propaganda de idéias muitas vezes aparece disfarçada, influenciando nas escolhas do indivíduo, como as propagandas de carro que ilustram sinônimo de vida tranqüila, feliz, ou cheia de aventuras. Não se vê, por exemplo na propaganda do lançamento de um automóvel, um ator entediado no trânsito de uma metrópole, pois “todo mundo quer e precisa ter um carro para ser feliz”.
Segundo os conceitos de Marx, não devemos esperar que através da simples crítica da alienação haja modificação na consciência dos homens. A alienação social não é produzida, por um erro da consciência que se desvia da verdade, mas é resultado da própria ação social dos homens e para que haja transformação, a prática do homem precisa ser diferente para que suas idéias sejam diferentes.
Palavras, imagens, mensagens, etc., seriam inofensivas se não carregassem idéias universais abstratas consigo, se não estivessem promovendo interesses de grupo de pessoas que consciente ou inconscientemente, discriminam aqueles que são minorias, que não estão na moda. Para que a as práticas sejam diferentes, é importante que as haja uma revolução para discutir criticamente comunicação que é veiculada na mídia, tendo consciência da possibilidade de mudança.

Postado por:   Karla Karolina

domingo, 14 de novembro de 2010

I SEMINÁRIO INTERNACIONAL - A EDUCAÇÃO MEDICALIZADA: DISLEXIA....

Tal grande é minha satisfação em ter participado desse Seminário Internacional, conhecimento nunca é demais levando em conta que nossa capacidade em adquirir conhecimentos e novas informações é imensa.
Aos organizadores parabenizo, a organização estava nota 10, e aos palestrantes meus sinceros cumprimentos, lamento não ter participado os três dias, fui apenas no dia de encerramento, mais valeu a pena!!!


É grande meu interesse pelo mundo da educação, sendo assim esperarei ansiosamente ao próximo evento.


Postado por: Emanuela Samara

domingo, 7 de novembro de 2010

Barbie e a infância feminina

Qual menina brasileira nunca teve ou sonhou em ter uma Barbie? Essa boneca, vendida a cada dois segundos faz parte da educação de meninas em todo o mundo.
Com a troca constante de embalagens e o visual adaptável às diferentes etnias.
Sempre mostrando seu sucesso atrelado à beleza e a um comportamento jovem e consumista, Barbie atingiu o Novo Milênio com o status de boneca mais vendida no mundo.

A criança foi descoberta como consumidora em potencial após a Segunda Guerra Mundial, época em que a Mattel consagrava-se como pioneira no uso de técnicas de marketing e comerciais voltados ao público infantil. Se antes a venda de brinquedos era direcionada aos pais, com o lançamento da Barbie, os comerciais capturavam a menina para que ela mesma tivesse os argumentos necessários para convencer os adultos a comprarem a boneca. Um desses argumentos era o de que Barbie, com toda sua elegância, ajudava meninas travessas a se comportarem como pequenas damas. Assim, as propagandas
iniciais da boneca sempre foram testadas antes com um grupo de meninas e, se o comercial não lhes chamasse a atenção, não era veiculado na rede televisiva.

Desde que nascem, as crianças vivenciam certas experiências sociais que são
determinadas pelo fato de serem meninos ou meninas e isso é facilmente percebido ao chegarmos em uma loja de brinquedos e observarmos como os brinquedos estão dispostos, as cores predominantes em cada sessão. Os brinquedos masculinos com aquelas cores fortes, as imagens sempre mostrando imponência, bravura, coragem ... No corredor feminino, vemos aquela imensidão de rosas de todos os tons, bonecas que imprimem delicadeza, perfeição, beleza, mundo fantástico que todas as garotas devem ter.

A publicidade de Barbie se concentra em seduzir e encaminhar a menina ao mundo imaginário da boneca. Barbie ainda ensina para as crianças como elas devem se apresentar corporalmente, vendendo não só seus produtos, mas o estilo de vida que está em alta no mercado. No site da boneca, é possível participar de diversas atividades com a Barbie e aprender que é essencial ter uma roupa para cada ocasião e não repetir o mesmo traje dentro de certos espaços de tempo. Barbie e suas amigas mostram como a mulher pode ficar mais bonita e descolada ao usar roupas que valorizam as formas femininas mais admiradas socialmente.

Imersa num cenário super cor-de-rosa, a garota é conduzida pela “amiga” Barbie a um passeio em que é possível vislumbrar inúmeros acessórios de prestígio, até que a menina, candidata à estrela, é convencida de que precisa desejá-los para sua coleção. Terminado o sonho, ao sair do universo fantástico criado para a boneca, a menina é estimulada a se apresentar em alguma loja de brinquedos para conferir e comprar os mais variados caprichos que fizeram parte do incrível cenário da musa. Não podemos deixar de notar o apelo à beleza, culto ao corpo, a moda, poder e luxo presente nas brincadeiras da boneca Barbie.

Em filmes da Barbie vemos sempre castelos rosa, animais de estimação lindos, sempre brancos com olhos azuis, ternos, delicados. As pessoas que aparecem nos filmes são em sua quase totalidade, magras, altas, brancas, com poder aquisitivo alto (isso nem sempre tão explicito), possuindo tudo o que precisam para serem felizes. Em alguns filmes aparecem pessoas gordas ou pobres, estes sempre serão os coitados, necessitados de ajuda da boneca, que, sempre bondosa, os ajudará.

A grande expressão dos desenhos da Barbie está no coração, lugar estritamente feminino de onde devem brotar os sentimentos de ternura, amizade, esperança e docilidade.  Em muitas histórias o feminino e a afetividade se conectam naturalizando a menina como sensível, doce e paciente, as representações dos desenhos procuram mostrar que o ideal de feminilidade está estritamente vinculado ao coração. Justifica-se, assim, o discurso que procura enfatizar que as mulheres são mais dóceis, mais emotivas, mas fracas e dependentes, devido às características físicas que possuem.

Barbie traz consigo a definição de uma beleza feminina considerada insuperável, é um brinquedo que simula ser uma mulher de respeito, de atitude, estilo e elegância.

Depois dessa explanação do mundo rosa da Barbie, o que nos resta é levantar algumas questões importantes levando em consideração que vivemos em um país onde nem todas as crianças tem direito a ter uma Barbie: Como ficam as meninas pobres que depois de assistir a um comercial exibindo a Barbie na sua casa e carro rosa, nadando numa piscina feliz e contente com suas amigas percebem que nunca viram um lugar assim, que o pai não consegue lhe dar uma boneca daquela e que todas as amiguinhas da escola tem uma igual?

Através desta boneca, os capitalistas tentam propagar a idéia que, o degenerado modo de vida burguês é algo natural, normal e desejável. Nos kits desta boneca, a inutilidade do modo de vida burguês é glamourizado. Automóveis de luxo, imitações de roupas caras, piscinas etc., fazem parte destes kits. Entretanto, o que a insidiosa propaganda capitalista esquece de dizer é que, este modo de vida só é possível através da cruel opressão e exploração do proletariado.

Postado por: Vanniere Braga

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Uma sexta-feira na Faculdade

Vanni - Manu - Tami - Kaka   


"Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade. Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos, nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril"
 Fernando Pessoa


Postado por : Emanuela Samara

O homem e o remédio


O homem e o remédio: qual o problema?

Texto de Carlos Drummond de Andrade

“Ultimamente venho sendo consumidor forçado de drágeas, comprimidos, cápsulas e pomadas que me levaram a meditar na misteriosa relação entre a doença e o remédio. Não cheguei ainda a conclusões dignas de publicidade, e talvez não chegue nunca a elaborá-las, porque se o número de doenças é enorme, o de medicamentos destinados a combatê-las é infinito, e a gente sabe o mal que habita em nosso organismo, porém fica perplexo diante dos inúmeros agentes terapêuticos que se oferecem para extingui-lo. E de experiência em experiência, de tentativa em tentativa, em vez de acertar com o remédio salvador esbarramos é com uma nova moléstia causada ou incrementada por ele, e para debelar a qual se apresenta novo pelotão de remédio, que por sua vez...

De modo geral, quer me parecer que o homem contemporâneo está mais escravizado aos remédios do que às enfermidades.

Ninguém sai de uma farmácia sem ter comprado, no mínimo, cinco medicamentos prescritos pelo médico ou pelo vizinho ou por ele mesmo, cliente. Ir à farmácia substitui hoje o saudoso hábito de ir ao cinema ou ao Jardim Botânico. Antes do trabalho, você tem de passar obrigatoriamente numa farmácia, e depois do trabalho não se esqueça de voltar lá. Pode faltar-lhe justamente a droga para fazê-lo dormir, que é a mais preciosa de todas. A consequente noite de insônia será consumida no pensamento de que o uso incessante de remédios vai produzindo o esquecimento de comprá-los, de modo que a solução seria montar nosso próprio laboratório doméstico, para ter à mão, a tempo e hora, todos os recursos farmacêuticos de que pode necessitar o homem, doente ou sadio, pouco importa,
pois todo sadio é um doente em potencial, ou melhor, todo ser humano é carente de remédio. Principalmente, de remédio novo com embalagem nova, propriedades novas e novíssima eficácia, ou seja, que se não curar este mal, conhecido, irá curar outro, de que somos portadores sem sabê-los.

Em que ficamos: o remédio gera a doença, ou a doença gera repele o remédio, que é absorvido antes por nosso fascínio pela droga, materialização do sonho da saúde perfeita, que a publicidade nos imprime? Já não se fazem mais remédios merecedores de confiança? Já não há mais doentes dignos de crédito, que tenham moléstias diagnosticáveis, e só estas, e não, pelo contrário, males absurdos, de impossível identificação, que eles mesmos inventaram, para o desespero da Medicina e da farmacopéia?

Há laboratórios geradores de infecções novas ou agravadores das existentes, para atender o fabrico de drogas destinadas a debelá-las? A humanidade vive à procura de novos males, não se contendo com os que já tem, ou desejando substituí-los por outros mais requintados? Se o desenvolvimento científico logrou encontrar a cura de todos os males tradicionais, fazendo aumentar a duração média da vida humana, por que se multiplicam os remédios, em vez de reduzirem as variedades?
Se o homem de hoje tem mais resistência física, usufrui tantas modalidades de
conforto e bem-estar, por que não pára de ir à farmácia e a farmácia não pára de oferecer-lhe rótulos novos para satisfazer carências de saúde que ele não deve ter?

Estou confuso, e não sei se jogo pela minha janela os remédios que os médicos, balconistas de farmácia e amigos dedicados me receitaram, ou se aumento o sortimento deles com a aquisição de outras fórmulas que forem aparecendo, enquanto o Ministério da Saúde não as desaconselhar. E não sei, já agora, se se deve proibir os remédios ou proibir o homem. Este planeta está meio inviável.”
Postado por : Emanuela Samara