domingo, 7 de novembro de 2010

Barbie e a infância feminina

Qual menina brasileira nunca teve ou sonhou em ter uma Barbie? Essa boneca, vendida a cada dois segundos faz parte da educação de meninas em todo o mundo.
Com a troca constante de embalagens e o visual adaptável às diferentes etnias.
Sempre mostrando seu sucesso atrelado à beleza e a um comportamento jovem e consumista, Barbie atingiu o Novo Milênio com o status de boneca mais vendida no mundo.

A criança foi descoberta como consumidora em potencial após a Segunda Guerra Mundial, época em que a Mattel consagrava-se como pioneira no uso de técnicas de marketing e comerciais voltados ao público infantil. Se antes a venda de brinquedos era direcionada aos pais, com o lançamento da Barbie, os comerciais capturavam a menina para que ela mesma tivesse os argumentos necessários para convencer os adultos a comprarem a boneca. Um desses argumentos era o de que Barbie, com toda sua elegância, ajudava meninas travessas a se comportarem como pequenas damas. Assim, as propagandas
iniciais da boneca sempre foram testadas antes com um grupo de meninas e, se o comercial não lhes chamasse a atenção, não era veiculado na rede televisiva.

Desde que nascem, as crianças vivenciam certas experiências sociais que são
determinadas pelo fato de serem meninos ou meninas e isso é facilmente percebido ao chegarmos em uma loja de brinquedos e observarmos como os brinquedos estão dispostos, as cores predominantes em cada sessão. Os brinquedos masculinos com aquelas cores fortes, as imagens sempre mostrando imponência, bravura, coragem ... No corredor feminino, vemos aquela imensidão de rosas de todos os tons, bonecas que imprimem delicadeza, perfeição, beleza, mundo fantástico que todas as garotas devem ter.

A publicidade de Barbie se concentra em seduzir e encaminhar a menina ao mundo imaginário da boneca. Barbie ainda ensina para as crianças como elas devem se apresentar corporalmente, vendendo não só seus produtos, mas o estilo de vida que está em alta no mercado. No site da boneca, é possível participar de diversas atividades com a Barbie e aprender que é essencial ter uma roupa para cada ocasião e não repetir o mesmo traje dentro de certos espaços de tempo. Barbie e suas amigas mostram como a mulher pode ficar mais bonita e descolada ao usar roupas que valorizam as formas femininas mais admiradas socialmente.

Imersa num cenário super cor-de-rosa, a garota é conduzida pela “amiga” Barbie a um passeio em que é possível vislumbrar inúmeros acessórios de prestígio, até que a menina, candidata à estrela, é convencida de que precisa desejá-los para sua coleção. Terminado o sonho, ao sair do universo fantástico criado para a boneca, a menina é estimulada a se apresentar em alguma loja de brinquedos para conferir e comprar os mais variados caprichos que fizeram parte do incrível cenário da musa. Não podemos deixar de notar o apelo à beleza, culto ao corpo, a moda, poder e luxo presente nas brincadeiras da boneca Barbie.

Em filmes da Barbie vemos sempre castelos rosa, animais de estimação lindos, sempre brancos com olhos azuis, ternos, delicados. As pessoas que aparecem nos filmes são em sua quase totalidade, magras, altas, brancas, com poder aquisitivo alto (isso nem sempre tão explicito), possuindo tudo o que precisam para serem felizes. Em alguns filmes aparecem pessoas gordas ou pobres, estes sempre serão os coitados, necessitados de ajuda da boneca, que, sempre bondosa, os ajudará.

A grande expressão dos desenhos da Barbie está no coração, lugar estritamente feminino de onde devem brotar os sentimentos de ternura, amizade, esperança e docilidade.  Em muitas histórias o feminino e a afetividade se conectam naturalizando a menina como sensível, doce e paciente, as representações dos desenhos procuram mostrar que o ideal de feminilidade está estritamente vinculado ao coração. Justifica-se, assim, o discurso que procura enfatizar que as mulheres são mais dóceis, mais emotivas, mas fracas e dependentes, devido às características físicas que possuem.

Barbie traz consigo a definição de uma beleza feminina considerada insuperável, é um brinquedo que simula ser uma mulher de respeito, de atitude, estilo e elegância.

Depois dessa explanação do mundo rosa da Barbie, o que nos resta é levantar algumas questões importantes levando em consideração que vivemos em um país onde nem todas as crianças tem direito a ter uma Barbie: Como ficam as meninas pobres que depois de assistir a um comercial exibindo a Barbie na sua casa e carro rosa, nadando numa piscina feliz e contente com suas amigas percebem que nunca viram um lugar assim, que o pai não consegue lhe dar uma boneca daquela e que todas as amiguinhas da escola tem uma igual?

Através desta boneca, os capitalistas tentam propagar a idéia que, o degenerado modo de vida burguês é algo natural, normal e desejável. Nos kits desta boneca, a inutilidade do modo de vida burguês é glamourizado. Automóveis de luxo, imitações de roupas caras, piscinas etc., fazem parte destes kits. Entretanto, o que a insidiosa propaganda capitalista esquece de dizer é que, este modo de vida só é possível através da cruel opressão e exploração do proletariado.

Postado por: Vanniere Braga

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